Este conceito de jantar-comício deixa-me intrigado! Será uma coisa bem nossa ou o resto do mundo civilizado também usa tal coisa. Tenho-os visto de todos os formatos e feitios. Mesa redonda gigante para todos os convivas, mesa corrida de banco comum, mesa em U, mesa em S, mesa em tasco, em restaurante tipo berma de estrada, retaurante fino,...uma coisa é comum: gente a comer alarvemente! Como será discursar num evento destes...
Uns discursam à mesa, entre o palito e a broa, outros num palanque improvisado mas muito bem forrado a papel de veludo autocolante, outros ainda tem de se pôr em cima da cadeira.
Mas o que mais me angustía é imaginar o pensamento do orador antes do discurso. Quando falo? Antes do café? Depois da sobremesa? Antes ou depois de arrotar? E se tenho uma regurgitação durante o discurso? E se alguêm se larga?
Discursar num jantar-comício é em si mesmo uma arte. Contornar os sons inoportunos, perceber que o hálito a alho presente faz bem à circulação, ignorar a convição com que os convivas comem em deterimento da atenção ao orador, desviar o olhar daqueles que já dormem, esquecer que o discurso é o momento baixo da refeição e que as televisões também só lá estão para comer (porque os olhos também comem).
E porque não um pequeno-almoço comício? Com a malta ainda em pijama e robe, de hálito matinal profundo e coçando o rabo e partes baixas enquanto ouve um Jerónimito de Sousa atirar pedras aos telhados dos outros? E a ementa?
Croissant e côco estrategicamente colocados [ ( * ] rodeados por compota de frutos vermelhos, nada de sumo de laranja natural, mas um suplemento liquido de red bull.
terça-feira, novembro 22, 2005
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