Ontem fui ao teatro. A peça era boa os actores também (com excepção de um). Não vou fazer a crítica da peça ou da encenação ou do elenco, vou sim falar da descrição auditiva implementada durante a peça. Já concerteza reparou o caro leitor que em certos programas da TV existe uma aviso para a audio descrição e legendagem no teletexto. Acção louvável que apenas demorou cinquenta anos a concretizar-se. Mas a verdadeira inovação é isto ter sido levado para o teatro por três senhorecas de certa idade com respectivos casacos de pele com cheiro a naftalina que compraram bilhetes em lugares exactamente atrás do meu na dita sala de espectáculos. Para além da exaustiva descrição comentada com opinião de tudo o que se passava qual novela vista em casa de chinelos postos, ainda conseguiram juntar comentários sobre a existência de um mesmo cenário durante toda a peça (talvez imaginassem Eunice Munhoz, papel principal, a fazer revista) e sobre o intervalo, levando um suspiro a acompanhar um "devia ter trazido o crochet".
Ora o teatro que é de raiz um espectáculo popular não poderia ter à entrada da sala umas mordaças para distribuir ao povo dos casacos de pele?!
quinta-feira, janeiro 24, 2008
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1 comentário:
Eu uma vez vi, no telejornal, uma mulher a fazer croché durante uma manifestação à porta de uma fábrica enquanto gritava palavras de ordem e contaram-me que não é raro aparecerem velhotas nas salas de espera das urgências que continuam dedicadas ao croché apesar de acometidas por ataques cardíacos de alguma gravidade. O croché é coisa séria, parece.
abraço
daniel
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