Não é novidade! Mas a extensão da ignorância afecta-me sempre.
Confirma-se segundo a seguinte noticia do Público (http://www.publico.clix.pt/shownews.asp?id=1229642&idCanal=74) que as disciplinas de Física e Química vão passar a ser opcionais a partir do 10º ano para os cursos científico-naturais na nova reforma do ensino.
É claro que as justificações são óbvias, e mais óbvio é a estupidez por detrás destas. Gostava apenas de realçar uma das justificações para a desmotivação no estudo das referidas disciplinas: "assuntos tratados são muitos desligados da realidade". Amiguinhos estudantes do ensino complementar: Se eu não conhecesse os manuais escolares pensaria que estes seriam escritos em código ou em chinês e que não teriam figurinhas cheias de cor a transbordar a cheiro de tinta ou que a ausência de diagramas e caixas explicativas seria evidente ou ainda que os resumos e formulários contraproducentes seriam inexistentes... Mas não! está tudo lá! Certamente muitos ainda ensinam a Física apelando ao abstracto mas até isso é fundamental. É impossivel compreender a natureza sem o recurso ao abstracto, à imaginação e especialemente ao contra-intuitivo. É claro que todos percebemos que o que está aqui é a falta de vontade de trabalho, da vontade de superar dificuldades, da vontade de ultrapassar frustrações, da vontade de saber mais, aliado a uma desculpabilização generalizada da ignorância em geral e especialmente da científica (basta olhar para a imprensa Portuguesa).
Existem contudo duas possibilidades á vista para os curricula dos cursos cientifico naturais, uma vez que o ensino secundario começará a produzir clientes do ensino superior sem Fisica (e Química) dentro em breve. Como não saberão nada de Fisica e continuarão a querer frequentar Engenharias, das duas uma ou os cursos superiores passam a administrar os actuais conteúdos dados no ensino secundário deixando de fora outros mais importantes para uma formação realmente superior (já que tal factor aliado ao tratado de bolonha não possibilitará milagres em prazos tão crutos como os três anos, vide http://omeumaufeitio.blogspot.com/2005/06/bolonha-portuguesa.html) ou então (a minha preferida) passamos a dar cursos de Física, Astronomia, Engenharias e afins sem Física. Estilo: apenas umas conversas descritivas sobre a Fisica, sem textos (porque a Educação Portuguesa produz seres iletrados) e muito menos com equações, porque em Portugal não saber Matemática é desculpado, é bom, é aplaudido e é requisito para se subir na vida. Estás a exagerar! - poderá exclamar o incauto leitor. Pois bem, talvez! Mas a isto ainda temos de juntar o facto das Universidades e Politécnicos serem financiadas consoante o número de alunos, por isso as pressões são óbvias e perigosas... aliás quem inventou este sistema era profundamente ignorante (provavelmente alguém que não teve Física no liceu).
Façam-me um favor: queimem todos os manuais escolares, todos os registos, todas as comissões de reformas curriculares, todos os ministros da educação e vamos começar de novo! Cada erro, e têm sido aos milhões, hipoteca uma geração!
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