Desde cedo fui um grande fã das actividades de tempos livres dos Portugueses. De entre todas elas aquela que me toca o coração é o "estacionado à beira água".
É Domingo. Almoça-se tarde em casa dos sogros e depois do cafézito mete-se os putos no banco de trás do carro e aponta-se a voiture em direcção ao mar ou rio! Lá chegado estaciona-se, se possível com vista de mar ou rio, mas se não for possível basta sabê-lo logo ali que também serve. Ele ao volante lê a bola ou dorme, ela do lado, faz crochet ou dorme, os putos ou já escaparam em direcção à barraca dos gelados ou estão aos gritos no banco de trás. E assim se passa uma bela tarde. Normalmente as janelas estão fechadas com uma fralda entalada no vidro para tapar o Sol da cara do bébé ou da sogra (caso tenha ido ou não esteja no carro do marido a fazer o mesmo).
Eis contudo uma nova variante (o Português é um Europeu convicto, sempre a adaptar-se a novas realidades) - o "estacionado em segunda fila à beira água" - Genial! Não havendo já estacionamento para todos os adeptos desta actividade ao ar livre, opta-se por estacionar em segunda fila bem no centro da estrada, de frente para a traseira do carro que se segue. Desde que o mar ou o rio esteja no alcance da percepção do fulano que está no carro estacionado em primeira fila está tudo bem!
Se reflectirmos um pouco chegamos à conclusão que esta é uma forma de coesão social... ele sabe que o outro sabe que o mar está lá...
E porque não em terceira fila?! E em quarta...? poderíamos ter todo um povo ligado ao mar, do Porto a Vilar Formoso, de Aljezur a Elvas, tudo em fila de estacionamento... ele sabe que o outro sabe que o outro sabe que o outro sabe que o outro sabe que o outro sabe que o outro sabe que ... o mar está lá! Podiamos então relaxar todos com o suposto marulhar.
Estatística: Em cada 50 carros estacionados à beira-mar, 32 têm destes desportistas!
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